Álbum

Flor da Montanha

Essa é uma lição de inclusão: de cooperação, de respeito. De aproximação e trocas entre diferentes mundos. Em tempos de tanto romper, ainda existem lugares onde o nome é o que menos importa, mais vale abrir-se para as verdades da vida e para a força que mora no acreditar.

A Flor da Montanha é um endereço em  Nova Friburgo, interior do estado do Rio de Janeiro. Um loteamento com casas, um templo, uma igreja, uma comunidade. Um cantar de Áfricas no Brasil, um cheiro de Amazônia no Sudeste. É Umbanda e é também Santo Daime.

A linhagem do Padrinho Sebastião, acreano que foi discípulo direto do Mestre Irineu e que fundou a Cefluris (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra) após a passagem desse seu professor, foi a primeira vertente do Daime a chegar no Rio de Janeiro, em 1982. Foi nessa época da criação das comunidades daimistas no estado que a Mãe de Santo Baixinha conheceu o Daime e Sebastião. Ela ajudou o padrinho a curar-se de uma doença com seus conhecimentos das ervas e assim iniciou-se um movimento de aproximação entre as crenças dos dois e tudo o que elas representam.

“Quando o Daime chega

É para todos nós tomar

E agradecer a Deus

Ao que ele tem para nos dar”

Hinário cantado em cerimônia na Tenda Espírita Flor da Montanha

Conhecida por sua fé, Mãe Baixinha tinha entre as suas características a vontade de deixar fluir naturalmente a espiritualidade em rituais e cerimônias: respeitava e mantinha o que era fundamental, mas também se mostrava aberta para todas as ferramentas que apareciam em seu caminho. Foi com esse pensamento que ela construiu um jeito próprio de praticar Umbanda e de fazer trabalhos do Daime.

“Confio no Sol
Confio na Lua
Confio em meu Mestre
Ele é o dono do poder
De passo a passo
Eu vou seguindo o meu destino
Com a força do divino
Tudo eu hei de vencer”

Hinário de Chico Corrente

A Flor da Montanha reflete essa forma de viver de sua Dirigente Espiritual: com muita naturalidade, o espaço contempla as celebrações do calendário do CEFLURIS, um calendário oficial que define os dias dos santos e dos festejos, como também as giras de Umbanda. Em comum em todos os rituais, a potência da música reverbera no ambiente.

O Feitio é um dos principais rituais na Flor da Montanha: o preparo da Ayahuasca acontece em doze horas de entrega e repetição minuciosa de atividades. Para fazer parte do processo, é exigido um jejum de relações sexuais, bebidas alcoólicas e alimentos como carne vermelha: a disciplina é importante para garantir harmonia e autocontrole diante de todas as emoções despertadas no contato com o chá. Cipó e folhas são colhidos, homens maceram o cipó no ritmo dos hinos cantados, mulheres separam e limpam as folhas. Grandes panelas recebem os vegetais que fervem durante longas horas: da panela para os garrafões, trabalho feito. Durante a noite, o grupo do trabalho se reúne em celebração para agradecer e festejar a feitura do Daime.

“Para entrar no salão celeste é preciso trabalhar”

Hinário cantado em cerimônia do Feitio na Tenda Espírita Flor da Montanha

Outras cerimônias realizadas são os Hinários, a Concentração, a Missa para os mortos e os Trabalhos de Cura. Durante os Hinários, os hinos centrais da doutrina são repetidos pelo grupo e dão ritmo a bailados e mirações: nas letras, entidades da Umbanda se encontram em dança com seres da floresta e santos católicos. No Ano Novo, um dos principais Hinários acontece para celebrar o legado da Mãe Baixinha.

Concentração é uma cerimônia realizada em silêncio, com a intenção de meditação, para o desenvolvimento espiritual: evangelhos são lidos, hinos são cantados com discrição. Na Missa para os mortos, são cantados dez hinos do Mestre Irineu: a quietude é respeitada, por isso tudo acontece sem bailes ou instrumentos musicais. Os Trabalhos de Cura são momentos de orações para enfermos quando algumas possessões acontecem.

As giras para adultos e girinhas para crianças são os momentos de conexão entre o terreno e o Sagrado por meio da música, com a presença das entidades da Umbanda. Como reuniões musicadas, algumas são abertas para o público e outras são internas e para a evolução da comunidade.

 

“O ritual é um cenário onde ocorre uma peça, mas a essência da peça é espiritual"

Marcelo Bernardes, Coordenação Geral Flor da Montanha

Em cada um desses encontros, o importante não é definir onde começa uma linha e termina a outra. Seguindo os ensinamentos deixados pelas mãos e voz de Mãe Baixinha, essa costura de fé é sobre abrir os espaços e dar brechas para o que for verdadeiro e natural. Entre Hinários e trabalhos, há um fio tecido por mulher doce e firme que alinha todas as intenções.

Entrevistas

Marcelo Bernardes

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