A Barquinha

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A Barquinha. Espiritismo. Ayahuasca. Santo Daime. Centro Espírita Daniel Pereira de Matos. Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho. Rio Branco. Acre.

A Barquinha

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A Barquinha. Espiritismo. Ayahuasca. Santo Daime. Centro Espírita Daniel Pereira de Matos. Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho. Rio Branco. Acre.

Álbum

A Barquinha

 

Oratórios, a viola do homem do interior do Brasil, incensos, chapéus de marinheiros, imagens de Santos católicos, copos com o chá feito da planta sagrada: Daime. A cruz que representa o corpo de Jesus e o compromisso com a fé cristã. Os desenhos de ramos, caridade. O azul que significa o além-céu e o além-mar. Hinos que ensinam e aconselham: todos cantados em sotaques e palavras de Áfricas, Ameríndias, Europas, Brasis.

"Fazei com que eu procure mais

Consolar que ser consolado

Compreender que ser compreendido

Amar que ser amado

Pois é dando que se recebe

É perdoando que se é perdoado

E é morrendo que se vive para a vida eterna."

Oração a São Franciso de Assis, cantada em trabalhos na Barquinha

Os trabalhos, nomes dados aos rituais já que são considerados obrigações para Deus, lembram uma missa cristã ou um encontro de família: com trajes parecidos, todos cantarolam, há leitura do Evangelho de Jesus Cristo e de orientações que são psicografadas por aqueles que recebem espíritos. Aos sábados, conversam sobre obras de caridade. E também existem os trabalhos para curas e para comemoração de Santos e datas festivas: São Francisco de Assis é um desses que merecem as festas e o carinho do povo da Barquinha.

“Um pequeno barco que anda no mundo resgatando as pessoas que estão perdidas.”

Definição da religião A Barquinha, por Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

É uma viagem dentro da viagem que é a própria vida: seu significado para quem a segue, pra quem acredita que para a vida não afunde, é necessário trabalhar. Para além de uma trama bonita de diversos elementos de fé, A Barquinha é mesmo o que o nome antecipa: um espaço-tempo onde há lugar para todos que querem se encontrar.

Essa doutrina foi fundada por Frei Daniel, um homem que nasceu no estado do Maranhão e que se mudou para Rio Branco, capital do Acre no Norte do Brasil, em busca de uma nova vida. Na cidade que hoje conta mais de 300 mil habitantes e que faz fronteira com o Peru e a Bolívia, Frei Daniel naquela época encontrou um povoado no meio do floresta amazônica. Lá ele se tornou amigo do Mestre Irineu e, homem de origem afro brasileira, começou a conviver com os povos indígenas e seus trabalhos com o Santo Daime.               

“A primeira coisa que o Daime mostra é exatamente o que você é.”

 Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

Conhecido como um boêmio que cantarolava canções de amor em Rio Branco e que ficou doente por beber demais, Daniel recebeu ajuda e cura pelas mãos de Mestre Irineu. Em uma das sessões de Daime, ele ouviu dos espíritos que sua missão era fundar uma nova vertente daquela prática. Então, começou a se reunir com sua família em casa para ouvir das entidades e dos espíritos os ensinamentos: primeiro eles falam no ouvido uma letra que precisa ser compartilhada, depois os praticantes da Barquinha recebem as melodias. Essas músicas são os hinários treinados com afinco para as apresentações em grupo. Os músicos e sacerdotes não são os donos das canções, são apenas veículos para sua expressão.

“Quem chega na Barquinha viaja através do hinário e sai transformado.”

Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

Práticas e ensinamentos que o Frei Daniel passou para o Mestre Antonio Geraldo e que esse transmitiu para o seu filho: hoje é o Mestre Antonio Geraldo Filho quem conduz os trabalho na Barquinha no Acre. A planta sagrada, o Daime feito com cipó e folha da Ayahuasca, e água e fogo e seriedade e responsabilidade… é um pedido feito para Deus, uma parte importante mas não fundamental do estar na Barquinha.

“Dai-me alegria.

Dai-me paz.

Dai-me a possibilidade de enxergar os nossos defeitos”.

Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

Nessa fé, ele só é preparado com bastante rigor, não é vendido e só é tomado nos dias de reunião: é uma forma de Deus ajudar no alcance do entendimento. Nem todos os praticantes consomem o Daime e ele não está presente em todos os rituais.

“O Daime é um privilégio, uma dádiva que Deus nos deu.

O Daime não é tudo. Tudo é Deus.”

 Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

É que para embarcar toda a fé que encontra em seus caminhos, o povo da Barquinha tem como norte de navegação o que é mais simples e também mais difícil de alcançar: é preciso respeito e amor para ouvir com atenção as vozes do invisível.

“Se todo ser humano bebesse Daime,

da forma como deve ser,

com respeito e amor...

Com certeza o mundo seria bem mais fraterno,

bem mais amoroso.”

Mestre Antonio Geraldo da Silva Filho

Assim, importa menos cada um dos elementos, vale mais a harmonia entre todos: não há mar revolto que derrube uma barca onde todos remam em sintonia.


Entrevistas

Philippe Bandeira de Mello

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