Templo do Vale do Sol e da Lua
30:42
Umbanda. Pai Luiz Martins. Vale do Sol e da Lua. Itaipuaçu, Maricá, Rio de Janeiro. Público de cerca de 250 pessoas
Vale do Sol e da Lua
Cheiros e fumaças trazem para o horizonte um novo jeito de perceber: um outro corpo, um olhar que é também janela, uma energia que precisa de ponte… defumar com ervas é jeito de abrir sentidos - e portas - para outras conexões.
“Eu chamo a força, eu chamo a força, eu chamo a força
força das pedras para me firmar
Eu chamo a terra, eu chamo a terra, eu chamo a terra
eu chamo a terra para me enraizar"Canção Guerreiro da Paz em Gira de atendimento ao público no Vale do Sol e da Lua
Foi com as entidades Vovó Maria Redonda e Caboclo do Sol e da Lua que Pai Luiz aprendeu os passos e receitas de Umbanda: plantas e natureza trazem sabedoria, música e magia são sinônimos. Tudo começou quando os filhos desse engenheiro e físico nuclear que também se dedica a estudar espiritualidade precisavam de alguma reza. Em casa, Luiz começou a fazer pequenos rituais e em um deles a Maria Redonda avisou que era hora de sete amigos fundarem um templo para praticar seus exercícios de fé: do Sol e da Lua, a casa leva o nome do caboclo que hoje é o mentor espiritual do espaço.
E já são cerca de cento e cinquenta médiuns a dançar espiritualidade nos salões do Vale. A cada gira aberta ao público, aproximadamente mais duzentas e cinquenta pessoas aumentam a roda formada por corpos envoltos em branco e cabeças conectadas aos céus. Para o Pai, a união de pessoas e forças é o que faz o movimento potente da Umbanda ser transformador: cada um deve ouvir a sua verdade e trazer suas energias nos encontros com o Sagrado.
“Os templos nos ajudam porque nos reunimos
e juntos aumentamos a nossa força"
Pai Luiz Martins
No chão que todos pisam: duas cobras entrelaçadas, um triângulo amarelo, a lua e sete estrelas. O símbolo da casa, como a própria vida, está em constante mutação e novos elementos podem ser incorporados. E é ao redor dele que os trabalhos começam… Primeiro, um momento de desenvolvimento com falas e cantos: alinhamento de cabeças, sintonia entre energias.
Com os atabaques e canções em volumes mais altos, os corpos são convidados a dançar: vibram e tremem numa ligação sincrônica com as entidades. Se parece que o momento foi ensaiado, vale lembrar que ele foi preparado: um canal é aberto pelo ritmo da música, o som é o elo entre consciências e mundos.
“Eu só posso acreditar num Deus que dance"
Pai Luiz Martins
Nas giras de Umbanda do Vale do Sol e da Lua, os transes acontecem como aproximações de entidades que chegam não somente por visões: elas vêm com um gosto, com uma imagem, com um cheiro e com um som. Esotérica e também não esotérica, a casa faz é um trabalho mágico: um assentamento de forças que são invocadas.
Giram festeiros entre todos, aqueles que o preconceito caracterizou como negativos: porque dançam, sorriem e bebem e fumam sem medida, Exu e Pomba Gira são é transgressores aos olhos dos homens já que só entendem uma lei, a do amor.
“A Umbanda não julga, ela acolhe e pronto"
Pai Luiz Martins
Aberta aos novos caminhos, em diálogos com todas as forças e espíritos: Umbanda é sinônimo de coletivo. Faz-se plural e, no plural, desperta os sons de tudo que é da natureza. Da natureza dos homens, da natureza dos mundos. Fé ecológica que ensina, nota a nota, que disciplina e ecologia acontecem tanto no rito como na conivência espontânea. É vida que roda, é vida que treme. É ambiente de luz, onde há sempre lugar para mais um brilhar.
Entrevistas
Pai Luiz Antonio Martins
30:55