Centro de Umbanda Caboclo Sete Flechas
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Umbanda. Tenda Espírita Caboclo Sete Flechas. Pai Silmar. Rio de Janeiro
Pai Silmar
Panos brancos: nas paredes, nas cabeças, nos corpos, no chão. Os atabaques tocam pelas mãos dos Ogans, aqueles que cuidam da casa. Palmas e novas danças começam a ocupar as matérias das pessoas presentes: já não são apenas aquelas que entraram pela porta. Junto, chegam gritando suas entidades a fazer trabalhos ou festas ou estudos. É defumação de folha, é rodopiar de saias, é fumaça de cachimbo… é Gira.
“Na Umbanda não há nada de oculto.
O conhecimento que a gente passa
é fé e amor ao próximo"
Pai Silmar
Esse é o nome dado aos rituais de encontro em Umbanda, religião que nasceu em terras brasileiras a partir da manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Morais no século XX: ele anunciou que iria fundar uma nova religião que reuniria Orixás africanos e espíritos indígenas, hoje as entidades que formam os belos altares dos centros e que trazem os ensinamentos sobre como lidar com as coisas da vida do povo simples.
Sim, algo que os praticantes dizem diferenciar o Candomblé da Umbanda é, entre outros elementos, que a última é mais acessível: aberta a possibilidades de renovação, com rituais mais baratos, com a linguagem do cotidiano. Assim é que muitos brasileiros conseguiram se conectar com algo que lhes ajuda a sustentar uma rotina, tantas vezes, de preconceito e dor. E são algumas as linhas de Umbanda: a Umbanda Branca ou de Mesa que não tem a presença dos Orixás, Omolokô com Orixás e Guias, Umbandomblé com rituais alternados entre Umbanda e Candomblé, Umbanda Esotérica.
“Fé é ter alguma coisa para se segurar nas horas de agonias.
Espiritualidade é acreditar no invisível,
acreditar na força da natureza e das entidades"
Pai Silmar
Foi dessa forma que aconteceu com Pai Silmar. Seu pai foi quem fundou a Tenda Espírita Caboclo Sete Flechas: precisava aprender a conduzir um problema espiritual do seu filho mais velho. Quando o pai encantou, há mais de vinte e cinco anos atrás, foi Silmar quem recebeu o chamado para continuar a condução dos trabalhos dirigidos pela entidade que é indígena e que é responsável pelos rituais e preparação dos médiuns na Umbanda.
Além do Caboclo Sete Flechas, outro guia importante do Pai Silmar é Exu das Sete Porteiras: o espírito de um homem que foi padre em vida e que ensina sobre amor e união. Nos trabalhos, as entidades determinam obrigações - tarefas dos fiéis - de acordo com o problema ou necessidade de cada um. É banho de folhas, é defumação nos cantos da casa, é cor de roupa, é o que pode ou não pode comer por alguns dias.
Tudo isso é feito para ajudar a fortalecer uma alma com ensinamentos sobre disciplina e dignidade. A Umbanda transborda de forma simples sua visão de mundo em todos os momentos e fases de uma vida dedicada a essa fé. O casamento é um desses rituais tradicionais conduzidos por Pai Silmar em sua tenda: é missa, é conselho, é festa, é dança.
“A função da Umbanda é tornar as pessoas mais seguras de si
e, portanto, mais amáveis"
Pai Silmar
Mesmo com a ética da união e da adaptação, a Umbanda foi e ainda é muito discriminada em diversos cantos de Brasil. Por preconceito ou desconhecimento, casas e mestres são recebidos com desconfiança ao propor... o amor.
Como se precisasse de mais explicação do que um corpo em dança, uma reação que não se controla, uma vontade de abraçar… Uma fé que se ergue e que é ameaçada por alcançar na prática o que é um grande desafio do ser humano: a simplicidade.
“Umbanda é só deixar a vida fluir"
Pai Silmar
Outtakes
Umbanda Casamento
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