Afoxé Alafin Oyó

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Afoxé. Afro Brazil. Afoxé Alafin Oyó. Olinda, Pernambuco. Desde 1986. Carnaval

Afoxé Alafin Oyó

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Afoxé. Afro Brazil. Afoxé Alafin Oyó. Olinda, Pernambuco. Desde 1986. Carnaval

Álbum

Afoxé

Quem assiste um Afoxé pelas ruas de Olinda e é tocado pela garra em voz e percussão do povo negro de Pernambuco talvez não imagine que tantos sorrisos e passos de dança tiveram que transcender a séculos de silenciamento.

E nem tem tanto tempo assim: em 1986, o Alafin Oyó desfilou pela primeira vez durante o Carnaval de Olinda. Aqueles afilhados de Xangô na cidade eram dissidentes de outro Afoxé, o Araodé. Foi sair pelas ruas com seus cantos em língua de Santo, seus tambores e suas crenças para receber de volta agressões: violência em forma de palavras, latas e pedras jogadas.

Mas um grupo chamado Rei do Benin, ou Alafin Oyó em Iorubá, traz na sua ancestralidade a experiência da resistência. Nada conseguiria calar seus tambores. A partir do próximo ano, fizeram da dor do corpo uma performance para libertação: passaram a subir as ladeiras de Olinda de costas em oferenda aos Orixás.

“Eu vim da África, eu sou Nagô

Sou filho de Alafin Oyó...

A dor não passava e não tinha fim

Mas eu nunca tive medo porque minha cabeça é de Alafin"

Letra de canção “Vim da África” do Afoxé Alafin Oyó

Tamanha repressão há poucas décadas atrás? É que a ligação entre o Afoxé e o Candomblé é das mais evidentes entre as folias carnavalescas, e o preconceito infelizmente educou muitas culturas para ter medo dos reis de África. Se nos Maracatus Nação e Rural os cortejos receberam influências das procissões católicas, a representação no Afoxé é de um cortejo afro: os tecidos, os corpos dançantes, as palavras… tudo é muito próximo do Axé.

Tanto que as cantigas e melodias são praticamente as mesmas entoadas nos terreiros de linha ijexá. O Candomblé de Rua, como é chamado, muitas vezes começa com celebrações do Padê dentro das casas. Esse ritual de despacho do Exú, entidade mágica que faz o intermédio entre os humanos e os Orixás, prepara todos para uma festa bonita. Depois do preparo, os Afoxés se encontram em um lugar sagrado da cidade: o Pátio do Terço. A esse encontro é dedicada uma noite de Carnaval.

“É aqui dentro do Afoxé que a gente consegue se identificar como cidadão.

Vai para além da religiosidade e para além do brinquedo de Carnaval.”

Fabiano Santos

Em 2015, o Alafin Oyó saiu dirigido por Fabiano Santos e homenageando mulheres pernambucanas educadoras: as professoras e ativistas Martha Rosa Queiroz, Inaldete Pinheiro e Lúcia dos Prazeres. É que esse Afoxé está também interessado no desenvolvimento social da sua comunidade e por isso coloca sua energia para repercutir ações de impacto local. Saúde, formação e gênero são alguns dos temas que preocupam o Alafin.

Além de Pernambuco e Rio de Janeiro, Afoxés desfilam na Bahia com seus atabaques, agogôs e agbês. Os últimos são os instrumentos feitos de cabaças envoltas com miçangas coloridas que impressionam pela beleza nos desfiles: são também chamadas afoxés.

“Oh, meu pai do céu, na terra é carnaval

Chama o pessoal

Manda descer pra ver

Filhos de Gandhi.”

Letra Filhos de Gandhi, um dos mais famosos Afoxés da Bahia, por Gilberto Gil

Pouco a pouco, os Afoxés transbordam também os limites estabelecidos pelo preconceito e ganham as ruas e o respeito do público do Carnaval. É que alguns já reconhecem e reverberam que o Afoxé é berço do Axé e do Samba, dois potentes estilos musicais brasileiros. E que se há vontade de sair pelas ruas a festejar, mais vale antes chamar os filhos de santo para abençoar os caminhos brincantes.

Entrevistas

Fabiano Santos

05min52

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05:52

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