Álbum

Congados e Folia de Reis - Nova Almeida, Espírito Santo

Fitas penduradas nos chapéus, em pontas de estandartes, nos mastros pelas ruas. Os brincantes de Nova Almeida, localidade de Vitória no Espírito Santo, ensinam a cada passo pela região que o que afina uma cantoria é a fé.

A cada mês de janeiro, então, a caminhada e as vozes aumentam a sintonia para repetir os mais de 460 anos de festejos para aqueles que deram nome ao lugar e também são motivo de celebração: os Reis Magos e sua Igreja e Residência fundada por padres jesuítas e hoje tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio do Brasil.

Os cortejos e canções relembram a história cristã dos 3 reis que presentearam o menino Jesus em seu nascimento: se na versão original eles seguiam o brilho de uma estrela, por Nova Almeida eles passam de porta em porta a encantar as noites dos tantos moradores que se orgulham de um calendário marcado por músicas conhecidas por eles há gerações.

“Ê, moça bonita

Chega na janela

Ela me namora,

Eu namoro ela”

Canto da Banda de Congo São Benedito e São Sebastião Nova Almeida

Juntam-se aos homens simples convertidos pelos festejos em magos católicos: os imponentes reis do Congo, tradição além-mar de um Brasil que começou em terras africanas. Os moradores mais antigos, contam que os negros escravizados que chegavam naqueles portos por volta de 1850 repetiam a história de sobrevivência em um naufrágio em alto mar pela bondade de um santo, também negro, que os manteve agarrados no mastro do navio.

São Benedito, depois entenderam, era quem merecia uma festa. Tambores se esquentam, estandartes são bordados, a principal cor é aquele mesma do padroeiro: a cidade se faz rosa. As noites de festas começam com a encenação do sufoco daqueles homens: é a puxada do mastro com tantas mãos que o agarram como se fossem a própria fé em um semelhante que pode lhes salvar.

Hoje são muitas as Bandas de Congo que cantam a mesma história ritmada por instrumentos encantados de cotidiano: a casaca nas mãos de adultos e crianças é reco-reco de cabeça e pescoço simulando o corpo de uma pessoa. É resistência e inventividade fazendo sons: é jeito afrobrasileiro de embelezar a verdade com elementos da natureza.

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