Festa de Iemanjá

20min08

Festa de Iemanjá. Candomblé. Umbanda. Catolicismo. Afro Brasil. Mâe Aíce de Oxóssi. Terreiro Odé Mirim. Salvador. Bahia. 02 de fevereiro de 2015. Público de 1 milhão de pessoas

Festa de Iemanjá

20:08

Festa de Iemanjá. Candomblé. Umbanda. Catolicismo. Afro Brasil. Mâe Aíce de Oxóssi. Terreiro Odé Mirim. Salvador. Bahia. 02 de fevereiro de 2015. Público de 1 milhão de pessoas

Álbum

Festa de Iemanjá

É o mar, é mar. Repleto de flores perfumadas e espelhos. São as mesmas águas de um Rio Vermelho que se misturaram no encontro da Sant´Ana dos pescadores e da Rainha do Mar dos negros de uma Bahia que é de São Salvador quando é mesmo de todos os santos. A praia da festa é endereço que se chama Paciência.

A Grande Mãe, de todos os oris e de todas as águas, é assim fertilidade para seus filhos que são como peixes que precisam aprender a navegar. Mãe também dos jangadeiros e pescadores, homens da lida das madrugadas que começaram essa festa. Há cerca de cem anos atrás, conversa de quem cisma em tentar entender a Bahia. Primeiro, são eles que oferecem sua fé rezada em missa para a Santa que apareceu nas águas para os proteger.

“Iemanjá

Rainha das ondas

Sereia do Mar.”

Canto a Iemanjá

Fechados nos terreiros, os Candomblés fazem seus rituais para as orixás das águas. Em Salvador, todo presente para a Rainha do Mar é precedido por presente para a Rainha das Águas Doces: é para Oxum, em amarelo, que acontece a primeira celebração no Dique do Tororó, na madrugada entre os dias 01 e 02 do segundo mês do ano.

Vestidos de branco, postura de quem sabe reverenciar os mais antigos. Saem depois pelas ruas cantando a cidade com seus balaios de oferendas para Iemanjá: muitas flores coloridas para Odoyá!

“Muita gente pede um presente a ela e vence.

Ela se sente feliz vendo aqueles balaios.”

Mãe Aíce de Oxóssi do Terreiro Odé Mirim

Já com os pés fincados na mesma areia, chegam os barqueiros e os macumbeiros e os turistas e os católicos e os festeiros. Fogos de artifício em uma alvorada para quem nos ensina a lidar com as emoções. Em palmas, atabaques, cantos e louvações: vão chegando ainda mais contas para uma mesma história de encontros. Naquele ano, Mãe Aíce foi quem cuidou do presente principal para Iemanjá: oferendas repletas de segredos, preparadas em rituais que duram sete dias e baseadas nos fundamentos do Axé.

O corpo estremece, as vistas vão ficando mais escuras. Incorporações e transes vão surgindo em rodas. É todo o povo de Santo que não quer perder a oportunidade de agradecer por mais um 02 de fevereiro! Em passos de capoeira, mãos dadas, velas acesas e suspiros quase dá pra ouvir tanta gente junta pedindo o mesmo: como a gente faz pra não desistir de amar, minha mãe?

Com uma pergunta dessas lançada pelo (m)ar, toda a cidade acorda. E o Profano se encontra com o Sagrado ali naquelas ladeiras tão acostumadas a celebrar. São os blocos, como em Carnaval, aumentando o volume das preces pelo bairro atrás da areia.

“Sou brasileira: sou festeira e sou macumbeira de nascimento.”

Mãe Aíce de Oxóssi do Terreiro Odé Mirim

O sol é dos primeiros a demonstrar que precisa ir embora. As águas brilham enquanto aqueles mesmos homens da pesca saem em seus barcos com as oferendas. Ela aparece, respingando de volta a água cheirosa que tantas mãos prepararam para lhe saudar. Fazendo os corações pulsarem no eco dos atabaques e os olhos, ainda mais quando se encontram, sabem: há fé para transbordar.

Entrevistas

Mateus Aleluia

09min43

Entrevistas

Mateus Aleluia

09:43

Veja Mais